O Corinthians entrou em campo com um problema claro: precisava reverter um 3×0. Jogando em casa, com a torcida apoiando, a expectativa era um time agressivo, pressionando desde o início e com sangue nos olhos. Não foi o que aconteceu.
Ramón Díaz optou por uma abordagem cautelosa demais para a situação. Em vez de um Corinthians intenso, que sufoca o adversário, vimos um time preso a um esquema defensivo rígido, preocupado em não sofrer mais gols do que em marcar os que precisava.
Nos primeiros 20 minutos, ainda havia um esboço de ousadia. Matheuzinho, o lateral-direito, avançava até o último terço do campo, explorando a amplitude máxima. Para cobrir esse avanço, o Carrillo, melhor em campo, recuava compondo a defesa.
Era uma tentativa clara de criar jogadas mais agudas – e fazia sentido, considerando a necessidade de buscar o placar. Mas essa dinâmica não funcionou. Rodrigo Garro, principal meia de criação, tocava pouco na bola. Quando recebia, estava sempre de lado, tentando enfiadas rápidas para Yuri Alberto e um apagadíssimo Memphis Depay. Tentava, mas não conseguia. O Corinthians parecia amarrado.
A partir dos 20 minutos, o desenho mudou – e piorou. Matheuzinho subia menos, Garro recuava para buscar o jogo, e a criação ficou previsível e sem espaços. Ramón Díaz tentou desamarrar o time aos 30 minutos, trocando o Raniele pelo Romero. Mas o Corinthians precisava de um respiro na criação. Era jogo para o Talles Magno.
Sem jogadas de infiltração e uma criação travada, o time passou a depender de cruzamentos para a área e de bolas paradas. Foi assim que saiu o gol de Félix Torres, no final do 1º tempo. Nesse momento, com esse tipo de jogada, o Corinthians entendeu que dava para sair da Neo Química Arena com a classificação.
Mas, com o passar do tempo, o time se perdeu. As jogadas se resumiam a chuveirinhos despretensiosos na área, geralmente vindos dos pés de Garro. Sem um padrão ofensivo definido e sem alternativas, a equipe abusava do desespero.
O grande triunfo do Corinthians, ou melhor, o que deveria ser, era o Memphis Depay. Mas, infelizmente, ele não tem sido para o Corinthians o que o Hulk é para o Atlético Mineiro. Uma referência técnica com bom físico que cria espaços para outros atacantes e que chama a responsabilidade, resolvendo jogos quando tudo não funciona. É isso o que a Fiel Torcida espera.
Mas, ao invés disso, Memphis andou em campo, sem contribuir com jogadas de perigo. Ele poderia ter buscado alternativas para fazer pivô, puxar a marcação e deixar uma “casquinha” para Yuri Alberto finalizar. Ou partir pra cima, driblar e chutar pro gol. Não houve nenhuma tentativa nesse sentido.
Agora sobre o Ramón Díaz: suas decisões foram questionáveis desde o primeiro jogo. Escalou mal nas duas partidas e não soube preparar o time para um jogo em que precisava marcar 3 gols. Faltou coragem. Faltou leitura de jogo. Faltou repertório. Faltou ousadia. Faltou, sobretudo, entender que quem joga em casa com uma das melhores torcidas do mundo, precisando reverter um 3×0, não pode entrar em campo com mais medo de tomar gol que a determinação de marcar os gols que precisa.
O Corinthians lutou, mas lutou errado. E o preço dessa abordagem foi a eliminação.